ETNOMÍDIA
#OCUPAÇÃODETELAS
#PRODUÇÃOORIGINÁRIA
#MOSTRAAUDIOVISUAL
#CINEMA&MÚSICA
Esse Setor é responsável pela divulgação e distribuição de produtos no formato audiovisual com o objetivo de facilitar o acesso às artes Originárias e compatíveis à perspectiva em pauta. O movimento inicial foi localizar materiais na Internet junto ao Google e o YouTube verificando como os produtos estavam sendo disponibilizados, bem como as formas de possuir acesso ‒ gratuita, assinatura, etc. ‒. A ideia é apresentar os conteúdos de várias formas: como uma sinopse de filme, uma apresentação artística, um evento maior de apresentação de filmes, ou um minicurso sobre iconografia. O Setor Etnomídia se propõe a ser muito dinâmico, dada a característica de possuir o formato de blog, contendo dicas e indicações de vídeos e áudios até uma leitura mais crítica sobre alguma arte.
Alinhado à proposta do Setor Educação, o Etnomídia foca na utilização dessas artes audiovisuais em sala de aula, fortalecendo o cotidiano escolar com base na ideia de cineclub. Esse formato visa levar o cinema para espaços mais democráticos, exibindo-se mostras e filmes isolados com pouca aparelhagem de som e vídeo, procurando alcançar um público que não teria acesso facilitado aos cinemas ou pouca oportunidade do contato com filmes, pensamento dentro da chamada ocupação das telas enunciada, como referido, por Krenak. Compreendemos que levar o cineclub para as escolas utilizando recursos já disponíveis pelas mesmas gera interesse e cria memórias, o que possibilita a inclusão de mais pessoas através de outros sentidos ‒ visual e auditivo/oral, em consonância com a tradição cultural Originária ‒.
Paralelamente à ação de cineclub, o Setor cumpre a função de divulgar conteúdos audiovisuais voltados para a Educação, visibilizando a ampla produção Originária de conteúdos em formato audiovisual e obras cinematográficas. Isso ocorre através da prática de catalogação de obras, artistas e páginas livres, a fim de promover a aproximação do público amplo aos produtores e atores do movimento de articulação das mídias Originárias que existem e dominam as possibilidades de comunicação e tecnologia nesta temporalidade. A ideia, mais uma vez, é a de articular e realizar autonomias pelo ato de “ocupar telas” para apresentação e autoinscrição das existências Originárias.
MOSTRAS CINEMATOGRÁFICAS
I MOSTRA (RE)PENSA DE CINEMA ORIGINÁRIO NO CINE VILA RICA
I Mostra (RE)Pensa Humanidade de Cinema Originário aconteceu entre 18h e 23h nos dias 26 à 30 de setembro de 2022 em formato híbrido, transmitida para o canal (RE)Pensa Humanidade no YouTube e presencialmente na cidade de Ouro Preto/MG, no Anexo do Museu da Inconfidência Mineira que, desde 2018, cede espaço ao Cine Vila Rica.
Nosso núcleo realizou de forma autônoma a arte-divulgação, a articulação nas mídias sociais e o acolhimento ao público presente, que acompanhou a exibição de 21 filmes, entre eles: curtas, médias e longa-metragens produzidos por pessoas indígenas em sua totalidade, ou em participação majoritária.
É importante reforçar a pluralidade das temáticas e gêneros dos filmes, que cercam críticas sobre a organização e continuidade desta Humanidade, contextos vivenciados nas aldeias, movimentos políticos e até mesmo narrativas românticas.
ANÁLISE DE FILMES
O ABRAÇO DA SERPENTE: um filme de Ciro Guerra produzido em 2015 na Amazônia colombiana.
Na Amazônia preta e branca de Ciro Guerra, Karamakate vive isolado depois de ter sua aldeia dizimada pela espoliação branca. No longa, ele encontra Theodor Koch-Grünberg, um etnologista alemão que viveu nos anos 20 na floresta amazônica e está em busca da planta sagrada Yakruna. Quando revelado que os familiares de Karamakate remanescem em outra região, os dois partem junto com Manduca, rio a dentro. 40 anos se passam e Karamakate vive novamente isolado. Ele encontra outro botânico, Richard Evan, fascinado pelos estudos de Theodor e em busca da habilidade de sonhar. Agora mais velho e com a memória perdida, Karamakate é o elo entre os dois cientistas e as temporalidades do presente e do passado vão se misturando durante o rastreio da planta sagrada. O filme se dá então entre as rupturas das cosmovisões indígenas e brancas; a alegoria dos saberes ancestrais pela busca pela Yakruna; as cenas com pouco diálogos, que dão espaço à intuição e a percepção, com belíssimas fotografias, que capturam momentos como o balançar das águas, das folhas, das serpentes; finalizamos o longa com uma experiência um tanto lisérgica. A busca pelos sonhos de Richard se completa com a necessidade de Karamakate de transpassar seu conhecimento para se tornar um espírito livre, voltando para a grande cobra. Por fim, “O abraço da serpente” é um filme inteiro, reflexivo e belo, com a mensagem de que precisamos do conhecimento ancestral dos povos originários para acessarmos saberes inconscientes, e assim, evoluir. Ironicamente aclamado pela mídia especializada ocidental, este sofisticado longa é uma viagem cinematográfica.
PORQUE VALE A PENA VER ?
Foge à obviedade que costumam abordar a temática indígena deixando os diálogos precisos e fortes, além da linda fotografia e experiência sensitiva. Sensações são aguçadas;
GRAU DE DIFICULDADE:
> Apesar de preto e branco (e em 35mm!), lento e com poucos diálogos, o filme te leva há uma viagem sensorial sofisticada. Quanto mais você mergulha nessa lisergia, mais fácil ele fica!